Periodontia - Dentista Salvador

Periodontia: Entenda a Especialidade Odontológica Essencial para a Saúde Gengival e Óssea
A periodontia é uma especialidade fundamental dentro da odontologia que se dedica à prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças que acometem os tecidos de sustentação e proteção dos dentes, incluindo gengiva, osso alveolar, ligamento periodontal e cemento radicular. Essa área, muitas vezes negligenciada pelo público leigo, é de suma importância para a manutenção da saúde bucal, sendo responsável não apenas pela estética do sorriso, mas também pela funcionalidade da dentição e pela preservação dos dentes naturais por toda a vida.
Com a crescente valorização da saúde como um todo e o reconhecimento da relação entre doenças periodontais e condições sistêmicas, como diabetes, doenças cardiovasculares e complicações na gravidez, a periodontia passou a ocupar um papel ainda mais relevante na prática clínica odontológica moderna. Este artigo técnico tem como objetivo abordar de forma aprofundada e específica os aspectos centrais da periodontia, explicando suas principais patologias, métodos de diagnóstico, abordagens terapêuticas e avanços recentes na área.
Anatomia do periodonto: estrutura e função
Para compreender a atuação da periodontia, é essencial conhecer a anatomia do periodonto. O periodonto é composto por quatro estruturas fundamentais:
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Gengiva: Tecido mole que recobre o osso alveolar e envolve o dente, formando uma barreira protetora contra agentes externos. Divide-se em gengiva livre, gengiva inserida e papila interdental.
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Ligamento periodontal: Conjunto de fibras colágenas que unem o dente ao osso alveolar, permitindo uma leve mobilidade dentária e absorvendo forças mastigatórias.
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Cemento: Tecido mineralizado que recobre a raiz do dente, servindo de ponto de inserção para as fibras do ligamento periodontal.
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Osso alveolar: Parte do osso maxilar ou mandibular que sustenta os dentes por meio das raízes.
Essas estruturas trabalham de forma integrada para proporcionar suporte, proteção e função aos dentes, sendo a integridade desses tecidos o foco central da periodontia.
Principais doenças periodontais
As doenças periodontais são inflamações e infecções que afetam o periodonto e estão entre as principais causas de perda dentária em adultos. Elas são classificadas, basicamente, em duas categorias principais:
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Gengivite: É a forma inicial da doença periodontal, caracterizada por inflamação da gengiva, geralmente causada pelo acúmulo de placa bacteriana. Os principais sinais clínicos incluem vermelhidão, inchaço, sangramento espontâneo ou à escovação, e, em alguns casos, halitose. A gengivite é reversível com a remoção adequada da placa bacteriana e cuidados de higiene bucal.
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Periodontite: É uma condição mais avançada e destrutiva, na qual a inflamação se estende para os tecidos profundos do periodonto, levando à reabsorção óssea e formação de bolsas periodontais. A periodontite pode ser crônica ou agressiva, e seu avanço pode resultar na mobilidade e eventual perda dos dentes afetados. Ela exige tratamento profissional contínuo e controle rigoroso da higiene oral.
Etiologia e fatores de risco
A principal etiologia das doenças periodontais é o biofilme dental, uma estrutura complexa de bactérias que se aderem à superfície dentária. Quando não removido adequadamente, esse biofilme se mineraliza e forma o cálculo dental, intensificando a inflamação. Contudo, diversos fatores podem influenciar o desenvolvimento e a progressão da doença periodontal, incluindo:
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Má higiene bucal;
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Fatores genéticos e predisposição familiar;
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Tabagismo;
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Diabetes mellitus mal controlado;
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Estresse crônico;
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Alterações hormonais (gravidez, menopausa);
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Doenças imunossupressoras;
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Uso de determinados medicamentos (anticonvulsivantes, imunossupressores, bloqueadores de canais de cálcio).
A presença desses fatores pode agravar a resposta inflamatória e acelerar a destruição dos tecidos periodontais.
Diagnóstico em periodontia
O diagnóstico preciso é essencial para a elaboração de um plano de tratamento eficiente. Ele é realizado por meio de anamnese, exame clínico detalhado e exames complementares. Os principais métodos diagnósticos incluem:
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Sondagem periodontal: Medição da profundidade de sulcos gengivais com uma sonda graduada. Sulcos com profundidade superior a 3 mm indicam presença de bolsas periodontais, típicas da periodontite.
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Avaliação de mobilidade dentária: Determina se o dente perdeu suporte ósseo.
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Radiografias periapicais e panorâmicas: Permitem avaliar o nível ósseo e identificar reabsorções ou lesões.
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Índices periodontais: Como o Índice de Sangramento Gengival (ISG) e o Índice de Placa Bacteriana (IPB), que ajudam na análise do controle de higiene do paciente.
A combinação desses exames permite classificar a doença periodontal quanto à gravidade (leve, moderada ou severa) e à extensão (localizada ou generalizada).
Tratamento periodontal: abordagens clínicas
O tratamento periodontal visa controlar a infecção, restaurar a saúde gengival e prevenir a progressão da doença. A abordagem terapêutica pode ser dividida em fases:
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Fase inicial (ou de controle da infecção): Inclui a instrução de higiene oral, raspagem supragengival e subgengival para remoção de biofilme e cálculo dental, além da profilaxia profissional.
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Fase cirúrgica (quando indicada): Procedimentos como a cirurgia de retalho, gengivectomia ou regeneração óssea guiada são realizados quando há bolsas profundas persistentes após a fase inicial.
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Fase de manutenção periodontal: Fundamental para o sucesso a longo prazo, envolve visitas regulares ao periodontista para avaliação, controle de placa e reforço das orientações de higiene.
Em casos de periodontite agressiva ou refratária, o uso de antimicrobianos sistêmicos ou locais pode ser associado, sempre com critério e acompanhamento profissional.
Avanços em periodontia e tecnologias aplicadas
A periodontia tem evoluído significativamente com o avanço das pesquisas científicas e da tecnologia. Alguns dos recursos mais modernos incluem:
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Terapia fotodinâmica: Utiliza luz laser associada a corantes fotossensíveis para eliminar bactérias patogênicas em bolsas periodontais.
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Laserterapia: Promove descontaminação, biomodulação tecidual e analgesia no pós-operatório.
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Enxertos ósseos e biomateriais: Permitem regenerar tecidos perdidos, com o uso de substitutos ósseos autógenos, alógenos, xenógenos ou sintéticos.
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Proteínas derivadas da matriz do esmalte: Estimulam a regeneração dos tecidos periodontais em locais com perda significativa.
Essas abordagens proporcionam tratamentos menos invasivos, maior conforto ao paciente e melhores resultados clínicos e estéticos.
Relação entre periodontia e saúde sistêmica
Estudos científicos têm demonstrado uma forte correlação entre doenças periodontais e condições sistêmicas. A inflamação crônica originada na cavidade bucal pode atuar como fator de risco ou agravante para diversas enfermidades. Entre as mais estudadas estão:
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Diabetes mellitus: A periodontite pode dificultar o controle glicêmico, enquanto o diabetes descontrolado agrava a destruição periodontal.
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Doenças cardiovasculares: A presença de bactérias periodontais na corrente sanguínea pode contribuir para processos ateroscleróticos.
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Complicações gestacionais: Mulheres com doença periodontal não tratada têm maior risco de parto prematuro e baixo peso ao nascer.
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Doenças respiratórias: A aspiração de bactérias bucais pode levar a infecções pulmonares, especialmente em idosos e pacientes hospitalizados.
Essa conexão reforça a necessidade de abordagem multidisciplinar entre dentistas, médicos e outros profissionais de saúde.
Visão do especialista
A periodontia é muito mais do que o tratamento de inflamações gengivais — ela é um pilar para a saúde bucal e sistêmica. Do ponto de vista clínico, o sucesso da terapêutica periodontal depende diretamente da detecção precoce das doenças, da adesão do paciente às orientações de higiene e da manutenção constante do acompanhamento profissional.
O especialista em periodontia atua como guardião dos tecidos de sustentação dos dentes. Sua função vai além da estética gengival, envolvendo a preservação da função mastigatória, prevenção de perdas dentárias e promoção da qualidade de vida. O avanço da ciência e das tecnologias permite atualmente tratamentos cada vez mais eficientes, com foco na regeneração tecidual e na abordagem minimamente invasiva.
No entanto, a base de toda periodontia de excelência continua sendo a educação do paciente: o conhecimento sobre a doença e seus fatores de risco é o primeiro passo para a prevenção. O papel do periodontista, portanto, é também educativo e preventivo, trabalhando lado a lado com o paciente para garantir longevidade e saúde bucal duradoura.