Cirurgias de dentes inclusos - Dentista Salvador

Cirurgias de dentes inclusos - Dentista Salvador

Cirurgias de Dentes Inclusos: Entenda o Procedimento, Cuidados e Riscos Envolvidos

A cirurgia de dentes inclusos é um procedimento odontológico especializado que visa a remoção de dentes que não erupcionaram completamente na cavidade bucal, permanecendo total ou parcialmente retidos no interior do osso maxilar ou mandibular. Entre os dentes mais comumente afetados por essa condição estão os terceiros molares, popularmente conhecidos como dentes do siso. No entanto, outros dentes, como caninos e pré-molares, também podem permanecer inclusos, exigindo intervenção cirúrgica. Este artigo técnico explora em profundidade os aspectos clínicos, indicações, técnicas cirúrgicas, cuidados pré e pós-operatórios, além dos riscos associados a essa intervenção, com uma abordagem baseada em evidências científicas e na prática clínica especializada.

O que são dentes inclusos?

Dentes inclusos são aqueles que, por fatores anatômicos, genéticos ou patológicos, não conseguem romper completamente a gengiva e emergir na posição funcional na arcada dentária. Eles permanecem parcial ou totalmente cobertos por tecido ósseo e/ou gengival. A inclusão pode ser classificada como total (quando o dente está completamente envolto por osso) ou parcial (quando parte da coroa do dente está visível na boca). Essa condição é mais comum nos dentes do siso inferiores, devido à falta de espaço na mandíbula para sua correta erupção.

Causas da inclusão dentária

Diversos fatores contribuem para a inclusão de dentes. Entre os principais, destacam-se a hereditariedade, discrepância entre o tamanho dos dentes e o arco dentário, obstruções físicas como dentes adjacentes ou cistos, além de hábitos parafuncionais e traumas. A presença de dentes supranumerários e distúrbios do desenvolvimento dentário também pode influenciar negativamente o processo eruptivo.

Indicações para cirurgia de dentes inclusos

A indicação da cirurgia de remoção de dentes inclusos deve ser criteriosa, baseada em avaliação clínica, exames de imagem (radiografias panorâmicas ou tomografias computadorizadas) e sintomatologia do paciente. As principais indicações incluem:

  • Presença de dor persistente ou intermitente relacionada à inclusão;

  • Inflamações ou infecções recorrentes, como pericoronarites;

  • Reabsorção radicular de dentes vizinhos;

  • Formação de cistos ou tumores odontogênicos;

  • Dificuldade na higienização local e risco de cáries;

  • Interferência no alinhamento ortodôntico;

  • Comprometimento funcional ou estético da arcada.

Vale destacar que a cirurgia também pode ser indicada de forma profilática, especialmente em pacientes jovens, para evitar futuras complicações.

Avaliação pré-operatória e planejamento cirúrgico

O sucesso da cirurgia de dentes inclusos depende de uma avaliação pré-operatória detalhada. O cirurgião-dentista, preferencialmente um especialista em cirurgia bucomaxilofacial, realiza uma análise minuciosa da posição, inclinação e profundidade do dente incluso, além da relação com estruturas anatômicas nobres, como o nervo alveolar inferior. A tomografia computadorizada é um exame complementar essencial, pois fornece imagens tridimensionais e auxilia no planejamento do acesso cirúrgico.

Aspectos como idade do paciente, estado geral de saúde, uso de medicamentos e presença de comorbidades também devem ser considerados, uma vez que impactam diretamente no prognóstico cirúrgico e na recuperação.

Técnica cirúrgica: etapas do procedimento

A remoção de dentes inclusos é realizada sob anestesia local, podendo ser complementada por sedação consciente ou anestesia geral em casos mais complexos ou em pacientes com fobia de procedimentos odontológicos. A técnica padrão envolve os seguintes passos:

  1. Incisão e retalho: Após a anestesia, o cirurgião realiza uma incisão na gengiva para levantar um retalho mucoperiostal, permitindo o acesso ao osso que recobre o dente incluso.

  2. Osteotomia: Com o uso de instrumentos rotatórios (brocas) e irrigação abundante com solução salina, o osso ao redor do dente é removido cuidadosamente.

  3. Odontosecção (se necessário): Em casos em que o dente está em posição complexa ou de difícil acesso, pode-se realizar a divisão do dente em partes menores para facilitar sua remoção.

  4. Extração: O dente ou seus fragmentos são removidos com auxílio de fórceps ou alavancas cirúrgicas.

  5. Curetagem e irrigação: Após a extração, o alvéolo (cavidade óssea) é limpo, irrigado e inspecionado quanto à presença de fragmentos radiculares ou ósseos residuais.

  6. Sutura: O retalho é reposicionado e suturado com fio absorvível ou não absorvível, dependendo da preferência do cirurgião e da condição local dos tecidos.

Cuidados pós-operatórios

O período pós-operatório exige cuidados rigorosos para evitar complicações e promover uma cicatrização adequada. As principais orientações incluem:

  • Aplicação de compressas frias nas primeiras 24 horas para controle do edema;

  • Uso de medicação analgésica, anti-inflamatória e, em alguns casos, antibiótica conforme prescrição;

  • Repouso relativo nas primeiras 48 horas, evitando esforços físicos;

  • Ingestão de alimentos pastosos e frios nos primeiros dias;

  • Evitar bochechos vigorosos, fumar e consumir bebidas alcoólicas;

  • Higienização cuidadosa da cavidade bucal, com escovação suave e uso de antissépticos orais indicados.

O retorno ao consultório para avaliação da cicatrização e remoção de pontos (se não absorvíveis) é parte fundamental do acompanhamento.

Riscos e complicações da cirurgia de dentes inclusos

Embora considerada um procedimento de rotina, a cirurgia de dentes inclusos não está isenta de riscos. As complicações mais comuns incluem:

  • Edema e dor pós-operatória: Normais nos primeiros dias, mas devem diminuir progressivamente;

  • Infecções locais: Como alveolite (inflamação do alvéolo), que pode causar dor intensa e mau odor;

  • Sangramento: Pode ocorrer durante ou após o procedimento, exigindo controle local;

  • Lesão nervosa: A proximidade do dente com o nervo alveolar inferior pode resultar em parestesia temporária ou permanente;

  • Fratura mandibular: Em casos raros, especialmente em pacientes com mandíbula atrófica ou dentes inclusos profundamente impactados;

  • Trismo: Dificuldade de abrir a boca devido à inflamação dos músculos mastigatórios.

Essas complicações podem ser minimizadas com planejamento adequado, técnica cirúrgica precisa e cuidados pós-operatórios adequados.

Avanços tecnológicos e recursos auxiliares

A odontologia moderna dispõe de recursos que auxiliam significativamente nas cirurgias de dentes inclusos. O uso de tomografia computadorizada com reconstruções 3D permite um planejamento cirúrgico altamente preciso. Ferramentas como guias cirúrgicos digitais, piezocirurgia (uso de ultrassom para corte ósseo seletivo) e biomateriais para regeneração óssea têm sido incorporadas à prática clínica, proporcionando maior segurança e menor morbidade aos pacientes.

Além disso, o uso de softwares de planejamento virtual e inteligência artificial vem ganhando espaço, facilitando a tomada de decisões cirúrgicas e a comunicação com os pacientes sobre os riscos e benefícios do procedimento.

Visão do especialista

A cirurgia de dentes inclusos é um dos procedimentos mais realizados na prática odontológica cirúrgica e exige do profissional conhecimento técnico, habilidade operatória e sensibilidade clínica para avaliar a real necessidade da intervenção. A remoção profilática, embora amplamente recomendada por alguns especialistas, deve ser avaliada com cautela, considerando os riscos inerentes à cirurgia e o real benefício ao paciente.

Com os avanços em diagnóstico por imagem, técnicas minimamente invasivas e controle da dor, os resultados têm se tornado cada vez mais previsíveis e seguros. Ainda assim, a individualização do tratamento é essencial: nem todo dente incluso precisa ser removido, e cada caso deve ser analisado à luz da história clínica do paciente, posição do dente e risco-benefício envolvido.

Como em qualquer procedimento cirúrgico, o diálogo claro com o paciente sobre as etapas, possíveis complicações e alternativas é indispensável para a construção de uma relação de confiança e para o sucesso do tratamento. A formação contínua do cirurgião-dentista e o acesso a tecnologias atualizadas são pilares fundamentais para a excelência nesse tipo de intervenção.